projeto Lopes & Gohr Arquitetos
fotos: Mariana Boro
texto: Roberta Dietrich
Curiosamente, a primeira expressão da Bossa Nova carioca é o samba “Chega de Saudade”, lançado por Elizeth Cardoso e eternizado na voz de João Gilberto. Segundo o jornalista Ruy Castro “era a simplificação extrema da batida da escola de samba”. E o que a bossa tem a ver com esse projeto da Lopes & Gohr Arquitetos? Tudo! Os arquitetos Carol Lopes e Richard Gohr simplificaram um espaço que já nasceu cheio de personalidade e energia. O imóvel situado em um antigo prédio da década de 1970, em Balneário Camboriú, passou por uma completa reformulação. O trabalho começou ainda na escolha do imóvel.
“Na primeira visita os espaços amplos, o piso de parquet e a luz natural generosa já ofereceram uma ideia de liberdade inventiva e uma ginga ao estilo carioca”, comenta Carol Lopes. A partir daí o projeto abraçou a ideia de garantir um ambiente solar, leve, elegante e regenerativo para os clientes, um jovem casal com uma filha. Tudo precisava levar ao descanso e a contemplação de uma vista espetacular… Poetizando a Nara Leão, os grandes janelões piso-teto inspiram a “deslizar no macio azul do mar”. Os tons suaves e claros nas paredes deixam brilhar as estrelas do projeto: peças de design da melhor qualidade, obras de arte contemporâneas e, claro, a vista, comemorada em prosa e verso.
Como a cadência de um samba-raiz os painéis da marcenaria que revestem o amplo living permitem que toda composição se complemente. Nomes do design emprestam ainda mais brasilidade ao projeto. Da poltrona Jangada, de Jean Gillon, um romeno de alma verde-amarela, criada no pré Bossa Nova dos anos de 1960; a poltrona Kilin, do ícone carioca Sérgio Rodrigues; e a sobriedade estética do sofá Saturday, do catarinense Jader Almeida. Tudo aqui respira emoção. Os ripados, tão em alta, trazem o acolhimento da madeira cumaru logo na entrada, exalando uma canção de boas-vindas. Obras de arte como a tela colorida de Paulo Calazans e a obra do multicultural Vik Muniz, permeadas por objetos praianos, atraem a praia para dentro de casa. E então, os moradores descobrem que carioca não é apenas um adjetivo pátrio, mas é um life style descolado, despreocupado e cheio de luz.
